OXUM

Oxum é a deusa das águas doces, símbolo de beleza, fertilidade e poder feminino. Vaidosa e elegante, adora joias e panos vistosos. Seus domínios incluem rios, fecundidade e prosperidade. Sua dualidade reflete águas calmas ou furiosas.

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OXUM

A Deusa das Águas, da Beleza e da Fecundidade

Oxum, Orê Yeyê ô!

Oxum é uma divindade que encarna a beleza, a elegância e o poder feminino. Sua presença é como um rio serpenteando pela vida, ora calmo e acolhedor, ora turbulento e imprevisível. Ela é muito mais do que uma simples orixá; ela é a personificação de tudo o que há de gracioso, sedutor e misterioso no universo feminino. Oxum é conhecida por sua beleza deslumbrante, seu charme irresistível e sua vaidade natural, características que fazem dela uma figura central em muitos mitos e lendas.

Características Físicas e Personalidade

Oxum é descrita como uma mulher de beleza estonteante, com traços delicados e uma pele dourada que reflete a luz do sol como as águas cristalinas de seu rio. Seus cabelos são longos e ondulados, geralmente adornados com flores frescas ou trançados com fios de ouro. Seus olhos brilham como diamantes, revelando uma profundidade insondável, onde se escondem segredos antigos e sabedoria ancestral. Seu sorriso é ao mesmo tempo doce e enigmático, capaz de conquistar corações e desarmar adversários.

Ela é extremamente vaidosa, adorando usar panos coloridos e vistosos que realçam sua beleza natural. Suas roupas são sempre luxuosas, feitas de tecidos finos e bordados com detalhes dourados. Mas o que realmente a define são suas joias. Oxum tem uma paixão insaciável por adornos, especialmente aqueles feitos de cobre, metal sagrado entre os yorubás. Ela usa colares pesados, braceletes tilintantes e tiaras reluzentes, cada peça contando uma história de poder e prestígio. Dizem que suas joias não são apenas enfeites, mas sim símbolos de sua conexão com a abundância e a prosperidade.

Seu humor, entretanto, é tão mutável quanto as águas que governa. Em seus dias mais tranquilos, Oxum é gentil e acolhedora, deslizando suavemente pelas margens de seu rio, banhando-se sob a luz do sol e cantando canções de amor. Suas águas são límpidas e frescas, convidando os viajantes a atravessarem sem medo. Mas quando está irritada ou ofendida, suas águas transformam-se em torrentes furiosas, repletas de correntezas violentas e redemoinhos perigosos. Nesses momentos, ninguém ousa desafiá-la, pois sabe-se que sua ira pode ser devastadora.

Histórias e Lendas

Uma das histórias mais famosas sobre Oxum envolve Olowu, o rei de Owu, e sua promessa mal formulada. Certa vez, Olowu liderava seu exército para a guerra, mas precisava atravessar o rio de Oxum, que estava encolerizado naquele dia. Desesperado, ele prometeu à deusa "nkan rere" – boas coisas – caso ela baixasse as águas e garantisse sua vitória na batalha. Oxum, interpretando literalmente a promessa, aceitou o acordo e permitiu que Olowu e seus homens atravessassem em segurança.

Quando Olowu retornou vitorioso, tentou aplacar Oxum oferecendo-lhe tesouros e presentes valiosos. No entanto, a deusa recusou todos eles, devolvendo-os à margem com um gesto firme. Foi então que ficou claro: o que Oxum desejava era Nkan, a esposa de Olowu, filha do rei de Ibadan. Relutante, mas sem alternativa, Olowu entregou Nkan às águas revoltas. Grávida na época, Nkan deu à luz no fundo do rio, e Oxum, em um ato de compaixão, devolveu a criança ao pai, dizendo: "É Nkan que me foi prometida, não a criança. Tome-a!".

Essa tragédia teve consequências graves. O rei de Ibadan, indignado com o destino de sua filha, declarou guerra contra Olowu e o expulsou de suas terras. A história serve como um lembrete do poder de Oxum e das consequências de subestimar suas exigências.

Conhecendo Mais Sobre Oxum

Oxum é reverenciada como a divindade do rio que leva seu nome, localizado nas regiões de Ijexá e Ijebú, na Nigéria. Ela é considerada a segunda esposa de Xangô, embora tenha tido relacionamentos anteriores com Ogun, Orunmila e Oxossi. Seu pai teria sido Oxalá, o criador do mundo.

Além de sua beleza e vaidade, Oxum é reverenciada por seu papel como controladora da fecundidade. Uma lenda conta que, quando os orixás organizaram reuniões exclusivas para homens, Oxum ficou furiosa por ser excluída. Para se vingar, ela lançou uma praga que tornou as mulheres estéreis e impediu que qualquer projeto dos deuses prosperasse. Desesperados, os orixás pediram ajuda a Olodumaré, que explicou que, sem a presença de Oxum, nada poderia dar certo. Desde então, ela passou a ser incluída em todas as decisões importantes, restaurando a fertilidade e trazendo harmonia ao mundo.

Manifestações e Títulos

Oxum possui várias manifestações, cada uma com características únicas:

  • Oxum Ijumú: Rainha de todas as Oxuns, associada às bruxas (Ajés).
  • Oxum Ayalá (ou Ayanlá): A Grande Mãe, conhecida por sua força guerreira e habilidades na forja.
  • Oxum Oxogbô: Famosa por ajudar mulheres a conceberem crianças.
  • Oxum Apará: Jovem e belicosa, representando a juventude e a energia.
  • Oxum Abotô: Extremamente feminina e elegante, símbolo de refinamento.
  • Oxum Abalú: A mais velha de todas, guardiã da sabedoria ancestral.
  • Yeyê Ipetú, Yeyê Ipondá, Yeyê Karé: Guerreiras destemidas.
  • Oxum Popolocum: Cultuada perto de lagos, conhecida por sua tranquilidade.

Apesar dessas variações, todas compartilham o mesmo espírito de Oxum, a única e verdadeira rainha das águas.

Rituais e Oferecimentos

No Brasil, Oxum é sincretizada com Nossa Senhora das Candeias (na Bahia) e Nossa Senhora dos Prazeres (em Recife). Seus devotos usam colares amarelo-dourados e braceletes de latão, símbolos de sua conexão com o metal precioso. O sábado é o dia consagrado a ela, e seus rituais frequentemente envolvem sacrifícios de cabras, patos e oferendas como Molokun (uma mistura de cebola, feijão-fradinho, sal e camarões) e Adúm (farinha de milho com mel e azeite).

Sua dança é um espetáculo de graça e sedução. Movimentando-se como uma mulher que vai ao rio para se banhar, ela ajusta seus colares, agita os braços para fazer tilintar seus braceletes e contempla-se no espelho com satisfação. O ritmo Igexá acompanha suas coreografias, evocando a região africana onde corre seu rio.

Arquétipo e Significado

O arquétipo de Oxum representa mulheres graciosas e elegantes, apaixonadas por joias, perfumes e vestimentas caras. Elas são símbolos de charme e beleza, mas também possuem uma força interior impressionante e um desejo ardente de ascensão social. Apesar de sua aparência reservada, elas sabem exatamente o que querem e não hesitam em lutar por seus objetivos.

Oxum ensina que a beleza exterior deve ser complementada por uma alma forte e determinada. Ela é a prova de que o poder feminino pode ser tanto suave quanto implacável, dependendo das circunstâncias. Seu culto celebra a dualidade da natureza humana: a capacidade de amar e nutrir, mas também de proteger e punir quando necessário.

Oxum é muito mais do que uma divindade das águas; ela é um símbolo de feminilidade, fertilidade e força. Sua história e características ilustram a complexidade do universo feminino, onde beleza e poder caminham lado a lado. Reverenciada em várias culturas e regiões, Oxum continua a inspirar milhões de pessoas ao redor do mundo, lembrando-nos da importância de honrar e respeitar o poder das mulheres e da natureza.

Características Gerais

  • Aparência Física:
    • Pele dourada que reflete a luz do sol como as águas cristalinas.
    • Cabelos longos e ondulados, adornados com flores frescas ou trançados com fios de ouro.
    • Olhos brilhantes como diamantes, revelando profundidade e sabedoria ancestral.
    • Sorriso doce e enigmático, capaz de conquistar corações e desarmar adversários.
  • Personalidade:
    • Vaidosa, elegante e extremamente feminina.
    • Humor caprichoso e mutável: pode ser calma e acolhedora ou furiosa e implacável.
    • Sedutora, graciosa e apaixonada por joias, perfumes e vestimentas luxuosas.
    • Forte força interior e determinação, escondida sob sua aparência delicada.
  • Arquétipo:
    • Representa mulheres graciosas, elegantes e sensuais, mas também reservadas.
    • Simboliza o charme, a beleza e o poder feminino.
    • Voluptuosa e sedutora, mas com uma vontade firme e um desejo ardente de ascensão social.

Elementos e Símbolos

  • Elementos Naturais:
    • Água (rios, lagos e fontes).
    • Vegetação exuberante ao redor de suas águas.
  • Símbolos Principais:
    • Jóias de cobre maciço (metal sagrado entre os yorubás).
    • Pentes de tartaruga.
    • Espelhos (representam vaidade e autocontemplação).
    • Flores frescas (adornos frequentes em seus cabelos).
  • Cores Associadas:
    • Amarelo-dourado (símbolo de riqueza, prosperidade e beleza).
    • Azul claro (representando as águas calmas e puras).
  • Animais Sagrados:
    • Patos (associados à fertilidade e às águas doces).
    • Peixes (mensageiros de Oxum nas lendas).

Domínios e Poderes

  • Água e Fertilidade:
    • Controla as águas doces, especialmente rios e fontes.
    • É responsável pela fecundidade humana e animal, ajudando mulheres a conceberem crianças.
  • Beleza e Vaidade:
    • Personifica a beleza física e a elegância feminina.
    • Protege aqueles que valorizam a estética e o refinamento.
  • Poder Político e Social:
    • Conhecida como Iyalodê, título dado à mulher mais importante de uma cidade.
    • Sua presença é essencial para o sucesso de qualquer empreendimento coletivo.
  • Força Oculta:
    • Mantém laços com Iyami-Ajé (Minhas Mães Feiticeiras), detentoras de poderes mágicos.
    • Pode influenciar o destino através de sua conexão com o mundo espiritual.

Ritualísticas e Oferendas

  • Rituais:
    • Cerimônias realizadas às margens dos rios, onde são lançadas oferendas.
    • Danças rituais acompanhadas pelo ritmo Igexá, evocando sua energia e graça.
  • Oferendas:
    • Animais: Cabras e patos.
    • Comidas Tradicionais:
      • Molokun (mistura de cebola, feijão-fradinho, sal e camarões).
      • Adúm (farinha de milho misturada com mel de abelha e azeite doce).
    • Objetos: Joias de cobre, pentes de tartaruga e espelhos.
  • Dia Consagrado:
    • Sábado (dia dedicado a Oxum no Brasil).
  • Sincretismo Religioso:
    • No Brasil: Nossa Senhora das Candeias (Bahia) e Nossa Senhora dos Prazeres (Recife).
    • Em Cuba: Nossa Senhora da Caridade (El Cobre).

Mitos e Histórias

  • A Promessa de Olowu:
    • Lenda sobre o rei Olowu, que prometeu "nkan rere" (boas coisas) a Oxum em troca de atravessar seu rio encolerizado.
    • Oxum interpretou a promessa literalmente e exigiu Nkan, a esposa de Olowu, levando-a para as profundezas do rio.
  • A Exclusão das Mulheres:
    • Quando os orixás organizaram reuniões exclusivas para homens, Oxum lançou uma praga que tornou as mulheres estéreis.
    • Após intervenção de Olodumaré, ela foi incluída nas decisões importantes, restaurando a fertilidade e trazendo harmonia ao mundo.
  • Larô e a Fundação de Oxogbô:
    • História do fundador Larô, que selou um pacto com Oxum após sua filha desaparecer nas águas do rio.
    • A festa anual de Oxogbô celebra essa aliança, com oferendas e danças tradicionais.

Culto e Devoção

  • Locais de Adoração:
    • Rios e lagos associados a Oxum, como o rio Oxun na Nigéria.
    • Templos e santuários dedicados a ela em comunidades afro-brasileiras.
  • Práticas Devocionais:
    • Uso de colares amarelo-dourados e braceletes de latão pelos devotos.
    • Saudação tradicional: "Orê Yeyê ô!" (Chamemos a benevolência da Mãe!).
  • Funções Especiais:
    • Arugbá Oxun: A jovem que carrega a cabaça sagrada durante cerimônias, representando a moça que desapareceu no rio.
  • Festivais Anuais:
    • Celebrações marcadas por procissões, danças, oferendas e adivinhações para saber se Oxum está satisfeita.

Manifestações e Variações

  • Diferentes Aspectos de Oxum:
    • Oxum Ijumú: Rainha de todas as Oxuns, ligada às bruxas (Ajés).
    • Oxum Ayalá (ou Ayanlá): A Grande Mãe, conhecida por sua força guerreira e habilidades na forja.
    • Oxum Oxogbô: Ajuda mulheres a conceberem crianças.
    • Oxum Apará: Jovem e belicosa, representando a juventude e a energia.
    • Oxum Abotô: Extremamente feminina e elegante, símbolo de refinamento.
    • Oxum Abalú: A mais velha de todas, guardiã da sabedoria ancestral.
    • Yeyê Ipetú, Yeyê Ipondá, Yeyê Karé: Guerreiras destemidas.
    • Oxum Popolocum: Cultuada perto de lagos, conhecida por sua tranquilidade.

Importância Cultural e Simbólica

  • Representação Feminina:
    • Oxum é um símbolo poderoso do papel central das mulheres na sociedade, combinando beleza, força e sabedoria.
    • Sua história destaca a importância da inclusão e do respeito às vozes femininas.
  • Legado na Arte e Literatura:
    • Inspira músicas, danças, pinturas e poesias que celebram sua dualidade e complexidade.
    • Presente em obras literárias que exploram temas de amor, poder e justiça.
  • Relevância Contemporânea:
    • Continua sendo reverenciada em religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda.
    • Seu arquétipo serve como modelo para mulheres modernas que buscam equilibrar graça e determinação.
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